sábado, 31 de dezembro de 2011

Grande relógio



Escondem-se,
por trás daquele relógio imenso
- aquele ali da praça, sabe? –
tantas indefinições, dúvidas
e medos,
quê,
esquecê-las ali,
em lugar tão remoto,
parece mesmo ser a melhor solução.
 
Só não conseguimos esconder
tudo isto do Tempo,
que o mesmo relógio
conduz...



ilustração: t3.gstatic

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Esperanças


deixa marcado no tempo,
gravado na pele,
no descanso dos olhos,
atentos,
toda sorte de feitos.

em nome da rosa,
da febre e
do sumo de todas
as esperanças!


ilustração: t0.gstatic

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sorriso de sol


Será que
aquele sorriso franco,
cativante, espontâneo
que tanto me encanta
e que parece trazer
a luz do sol para
um pouco mais perto de mim
só cabe naquele velho
porta-retrato?


ilustração: t0.gstatic

sábado, 17 de dezembro de 2011

Carlos Ruiz Zafón


Do livro "Marina", recém editado no Brasil

"Uma bicicleta emergia lentamente da bruma. Uma menina usando um vestido branco descia a encosta pedalando na minha direção. Na contraluz do amanhecer, eu podia adivinhar a silhueta do seu corpo através do algodão. Uma longa cabeleira cor de feno ondeava escondendo o rosto. Fiquei ali, imóvel, contemplando-a enquanto se aproximava, como um imbecil com ataque de paralisia. A bicicleta parou a uns 2 metros de mim. Meus olhos, ou talvez a minha imaginação, adivinharam o contorno de pernas esguias tentando alcançar o chão. Meu olhar subiu por aquele vestido que parecia saído de um quadro de Sorolla e foi parar num par de olhos de um cinza tão profundo que alguém poderia cair lá dentro. Estavam cravados em mim com olhar sarcástico. Sorri e ofereci minha melhor cara de idiota".

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Castelos de areia


Construía castelos
bem acima das nuvens.
Passeava por lá, às vezes,
depois de erguidos.
Ficava encantado com o que via.
Sempre!

Reiniciava a construção,
assim que um deles ruía...



ilustração: t1.gstatic

sábado, 10 de dezembro de 2011

Canções de amor


Eles dançavam na calçada,
onde ninguém fazia isso.
Eles desafiavam as estrelas,
onde elas mais brilhavam.

E cantavam canções de amor.
Onde ele nunca existiu...



ilustração: La danse with nasturtiums - Henri Matisse

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Fantasma


Anda pela casa o fantasma
de que lhe falei.
Assombra quem ainda não o conhece,
quem dele não teve notícia.

Se esquiva de quem,
desconfiado,
pede para vê-lo.

Acanhado, talvez!
Ou com muito medo dos vivos...


ilustração: data:image

domingo, 4 de dezembro de 2011

Marés


São assim mesmo
as marés.
Sempre foram.
Previsíveis, mas
arrasadoras,
algumas.

Como as mulheres
essenciais!



ilustração: t0.gstatic