segunda-feira, 11 de setembro de 2017

JORGE LUIS BORGES


EU TENHO DE SER



Crucificam-me e eu tenho de ser a cruz e os pregos.
Estendem-me a taça e eu tenho de ser a cicuta.
Enganam-me e eu tenho de ser a mentira.
Incendeiam-me e eu tenho de ser o inferno.
Tenho de louvar e agradecer cada instante do tempo.
O meu alimento é todas as coisas,
o peso exato do universo, a humilhação, o júbilo.
Tenho de justificar o que me fere.
Não importa a minha felicidade.
Sou poeta...






2 comentários:

María disse...

Me encanta Borges, un gran poeta.

Besos.

Alfredo Rangel disse...

Gracias por tan linda presencia, Maria. Gracias...